terça-feira, 22 de março de 2011

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra

O descaso brasileiro com os administradores e o endeusamento destes por parte dos americanos expões os pólos, porém creio que ainda cabe um meio termo.



Por Fabricio Luiz Novaes da Silveira

Temos em nosso país uma cultura que ainda não valoriza o administrador da forma que deveria. Infelizmente, somos lembrados, normalmente, na hora em que a vaca vai para o brejo e este pensamento é o responsável pelas inúmeras empresas de consultoria criadas todos os dias.

É comum ver engenheiros, médicos e técnicos do que quer que seja ocupando cargos de administração mesmo sem capacitação para tal.

Aqui cabe uma percepção minha; somos capazes de ler todo código penal e até decorá-lo, muitos de nós possuem oratória e persuasão, mas não podemos exercer a advocacia.

É impossível abrir uma farmácia e não ter um farmacêutico responsável. Podemos ter idéias e até talento para desenho, mas não assinamos projetos arquitetônicos.

A lista seria imensa e diante dela só posso detectar uma omissão completa de nossa classe e, principalmente, de nossos conselhos.

É notório que não somos uma classe unida. Temos melindres e até medo de que mais administradores apareçam e tomem nosso lugar. Elogios não são nosso forte e solidariedade aos parceiros de classe passa longe de ser um compromisso ético e moral.

É evidente que, diante do que expus, caso haja uma mudança, a situação das empresas e dos profissionais de administração será melhorada em todos os sentidos.

O campo é vasto e carente, mas, no momento, ele é ocupado por pessoas de fora da área ou por pessoas sem competência para tal. Assim que houver a desocupação tenho certeza que seremos todos mais felizes.

Em contrapartida, vi este fim de semana o documentário Trabalho Interno (Indico a todos), ganhador do Oscar de documentário deste ano e, junto com a informação que tinha da visão do Americano frente aos administradores, fiquei bastante surpreendido.

Para começar o administrador lá é visto como o responsável único e direto pelo avanço do país e das empresas. País e Empresa lá são vistos quase como uma mesma coisa. Uma empresa forte e globalizada é uma grande propaganda nacional.

Fiquei admirado com os valores de bonificação recebidos pelos administradores e CEOs quando atingiam suas metas e alavancavam as empresas. O mais baixo que vi ganhou mais de 7 milhões e existiram casos de centenas de milhões através de bonificação.

A grande questão é que lá o administrador é Deus. Suas ações são embasadas e ajudadas pelo governo que também lucra, direta ou indiretamente, com o sucesso das empresas.

Acontece que em 2008 tivemos a Crise Americana que resultou em mais de 9 milhões de pessoas sem casa devido às hipotecas, aumento drástico do desemprego e elevação da taxa populacional em estado de pobreza.

Assim como em nosso país os únicos que sofreram foram os reles mortais, principalmente os mais necessitados. Diante de uma catástrofe em que existiam culpados ninguém foi preso e ainda manteve seus bens intactos.

Dane-se o povo. Parece um jargão mundial. Sinto muito caso alguém imaginasse que era uma característica unicamente brasileira o desprezo total à sua massa de manobra.

"Incrivelmente" todos os responsáveis pela crise hoje estão ocupando cargos melhores em bancos, universidades e até no governo Obama. Os bancos nunca foram tão fortes e ricos, pois com as fusões e ajudas governamentais nenhum dinheiro foi retirado dos ricos, ou seja, não houve corte na carne pelo menos não na dos poucos responsáveis pela desgraça de muitos.

Entre o total descaso com os administradores no Brasil e o endeusamento dos administradores americanos é preciso achar um meio termo. As duas formas provaram ser ineficientes e boas apenas para poucos.

A Nação dos Coronéis e o Império Maçônico são iguaizinhos em uma única coisa: o descaso com sua população e o amparo, até governamental, dos capazes de servir ao status quo.
 

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fonte: http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/nem-tanto-ao-mar-nem-tanto-a-terra/53449/

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